Casais Empreendedores: Como Parcerias Afetivas Estão Criando Negócios Fortes e Inspiradores
Modelos de negócios construídos por casais ganham espaço no varejo nacional e mostram que a união no pessoal e no profissional pode gerar resultados surpreendentes — com base em planejamento e complementaridade.

Por muitos anos, misturar negócios e vida pessoal foi visto como um risco para casais. Hoje, no entanto, uma nova geração de empreendedores vem mostrando que, com clareza de papéis, comunicação e propósito comum, parcerias conjugais também podem se transformar em empresas prósperas e sustentáveis.
Segundo dados do Sebrae divulgados no início de 2024, o número de MEIs e microempresas com sócios casais cresceu 38% nos últimos cinco anos. A explicação está na busca por autonomia, flexibilidade de rotina, aumento da renda familiar e — especialmente — na possibilidade de transformar a relação afetiva em uma estrutura de apoio mútuo para empreender.
Essas empresas têm aparecido com destaque especialmente no setor de varejo, alimentação e serviços. E um dos segmentos que mais tem atraído casais empreendedores é o de franquias de baixo investimento, com atuação local e apelo social.
Piccoli Bambini
Um exemplo dessa tendência vem da rede Piccoli Bambini Brechó Boutique Infantil, criada em Indaiatuba, São Paulo pelo casal Marcio Roberto Pedrosa e Franciele Barion. O negócio nasceu da vivência familiar do casal, que decidiu transformar uma ideia simples — vender roupas infantis seminovas com qualidade e propósito — em um modelo acessível de negócio para outras famílias.
“Desde o início, a Piccoli Bambini foi construída por nós dois. Eu e a Fran dividimos funções, decisões e responsabilidades. Ela sempre teve um olhar sensível para a estética e a experiência das mães dentro das lojas. Eu cuidava mais da estrutura, expansão e formação de franqueados”, afirma Marcio.
Marcio Roberto Pedrosa e Franciele Barion
Entrevista com o especialista: Marcio Roberto Pedrosa
Entrevistador: Marcio, por que você acredita que casais têm encontrado tanto sucesso empreendendo juntos?
Marcio: Porque um negócio é feito de confiança e alinhamento. E quando um casal decide empreender junto, normalmente já existe uma história de superação, apoio mútuo e complementaridade. É isso que tentamos passar no nosso modelo de franquia: que o sucesso vem quando cada um respeita o talento do outro e assume sua parte no processo.
Entrevistador: Muitos dizem que misturar vida pessoal e profissional pode gerar conflitos. Como vocês equilibram isso?
Marcio: Sem dúvida exige maturidade. Mas com papéis bem definidos, diálogo claro e uma visão de futuro compartilhada, tudo flui. Eu e a Fran somos diferentes em muitas coisas, e isso é o que fortalece a empresa. Nos primeiros anos foi difícil. Mas nos sentamos para conversar e alinhamos que assuntos da empresa ficariam na empresa, e de casa em casa. A melhora no relacionamento foi nítida e aprendemos a transformar as diferenças em força. Hoje, dividimos a liderança com orgulho.
Entrevistador: O que você diria para outros casais que querem empreender juntos?
Marcio: Que antes de tudo, conversem. Falem sobre expectativas, limites e propósito. Depois, definam funções e respeitem o tempo um do outro. Não é sobre fazer tudo juntos o tempo todo, mas sim andar na mesma direção. Quando existe admiração mútua, o negócio cresce mais forte — e o relacionamento também.
À medida que o Brasil caminha para novos formatos de trabalho e de família, histórias como a de Marcio e Fran mostram que a união de propósito pode ser um dos ativos mais poderosos para o sucesso empresarial. Casais empreendedores, quando bem estruturados, trazem agilidade, confiança e conexão emocional à frente de seus negócios.
E, no caso da Piccoli Bambini, a parceria que começou dentro de casa se transformou em uma rede que impacta vidas, promove inclusão econômica e inspira outras famílias a acreditarem no seu próprio potencial.
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